Emagrecer e manter-se magro. O que fazer quando todo esforço começa ir por água abaixo? Em pleno século XXI ouve-se falar da chamada obesidade: uma epidemia mundial. Muitos são os estudos realizados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para saber as causas da doença, os riscos e principalmente como tratá-la. E como não se preocupar? A obesidade é a segunda doença previsível e evitável que mais mata no mundo, perdendo apenas para o tabagismo. Em meio a tantas informações e “métodos milagrosos”, o indivíduo com excesso de peso acaba caindo numa verdadeira batalha contra a obesidade, buscando auxílio por todos os lados numa questão de sobrevivência, em todos os sentidos, pois quando se trata dessa doença, não é somente a aparência física que importa, ela traz inúmeras outras doenças associadas fazendo com que a pessoa tenha problemas respiratórios, cardíacos, doenças coronárias, infecções de pele, osteoartrose, diabete tipo II, calculo biliar, depressão, hipertensão, entre outras. No entanto, muitas pessoas acabam deixando de lado as receitas mágicas e a promessa de perda de peso instantânea, partindo para o tratamento correto e adequado, é a partir daí que inicia uma série de orientações e exames para diagnosticar o tipo de obesidade. Através do tratamento clínico ou cirúrgico o obeso aos poucos perde massa adiposa, ganha mais qualidade de vida e bem-estar, e é durante esse processo de tratamento que o chamado “reganho de peso" começa a fazer parte da vida de alguns pacientes. De acordo com a Psicóloga Débora Gleiser, a mudança do estilo de vida associada ao comprometimento do paciente com a cirurgia, são fundamentais para chegar aos objetivos traçados. Questões emocionais como ansiedade, estresse, depressão e compulsão são fatores decisivos que levam ao reganho de peso. Segundo a psicóloga, “a cirurgia não é um milagre. Se a pessoa não mudar seu comportamento com relação à comida ela voltará a ganhar peso”. O educador físico, José Marcelo dos Santos afirma que alcançar o peso desejado é o primeiro desafio no pós-operatório, por isso é fundamental associar a reeducação alimentar, acompanhamento das modificações emocionais, com um eficiente programa de atividades físicas. José Marcelo explica que a segunda fase do processo, que é outro grande desafio de pacientes e equipes envolvidas com este tipo de serviço, é o de manter o novo peso. A cirurgia da obesidade propicia a redução significativa do peso corporal, o que não se consegue com os métodos mais tradicionais, porém não deixa o paciente imune ao aumento de peso, após a fase de estabilização. Nesse período fica evidenciada a necessidade da alteração no estilo de vida, mantendo a prática regular de atividades físicas, de preferência com acompanhamento de profissional habilitado. Para a nutricionista Sibele Corrêa a reeducação alimentar gradativa e sistematizada se torna fundamental durante o período de perda de peso, só assim a pessoa consegue realmente mudar os hábitos alimentares, a nutricionista aponta como principais causas do reganho de peso, a avalanche de alimentos extremamente ricos em açúcar, gorduras e calorias, que não oferecem nenhum benefício ao organismo, mas que se tornam mais práticos para o corre-corre do dia-a-dia. Já a nutricionista Laurinda da Paixão Camargo e a psicóloga Fernanda Bergoli apostam na avaliação pré-cirúrgica, onde é possível detectar o perfil emocional e o padrão alimentar do paciente. É através dessa avaliação que se pode trabalhar e descobrir antecipadamente, aquelas pessoas com maior predisposição a reganho de peso, afirmam elas, que estão constatando esses resultados no trabalho a ser apresentado em dezembro no Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica. Os médicos cirurgiões, Cláudio C. Mottin (PUC-Porto Alegre), Gabriel Vargas e Jorge R. Pereira (Mãe de Deus-Porto Alegre), Nelson Meinhardt (Grupo Conceição- Porto Alegre), Glauco Alvarez (Santa Maria) e Elvio Pereira (Equilibrium-Cruz Alta), alertam sobre a importância que o paciente deve dar aos cuidados pós-operatórios e do seguimento com equipe interdisciplinar para o controle da perda do peso e sua manutenção. A cirurgia não é tratamento milagroso, que por si só resolve a obesidade e as doenças associadas, mas sim um meio importante para a redução de peso, a qual devemos associar mudanças nos hábitos alimentares, comportamentais, psicológicos e, principalmente, a consciência de que o tratamento não terminou com a cirurgia. É apenas o início da solução e dos cuidados que devem ser mantidos por toda a vida.
Fonte: Elvio de Almeida Pereira