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Negação da família incentiva epidemia de obesidade infantil

  • Negação da família incentiva epidemia de obesidade infantil

Apesar da ampla divulgação das questões ligadas ao sobrepeso, pais fazem vista grossa ao problema

Um garoto de 16 anos tinha um sobrepeso de 27 quilos, e o exame de sangue mostrou que ele podia ter o fígado gorduroso. Enfim, a mãe o levou a uma clínica pediátrica de controle de peso em New Haven, Connecticut, nos EUA, mas não gostou do conselho que ouviu. “Não acredito que está me dizendo que não posso comprar os biscoitos ‘Chips Ahoy!’”, disse a mãe à enfermeira.

 Aquela não foi a primeira vez que Mary Savoye, nutricionista que atendeu a mãe, aconselhou pais que parecem incapazes de reconhecer a dura verdade a respeito do peso dos filhos. “Geralmente, eles não querem aceitar, porque mudar dá muito trabalho a todos, incluindo os pais”, diz a médica.

Apesar da ampla divulgação da epidemia de obesidade, cada vez mais os pais parecem fazer vista grossa enquanto os filhos ganham peso. Estudo recente sobre obesidade infantil mostrou que mais de três quartos dos pais de filhos obesos com idade pré-escolar e quase 70% dos pais de filhas obesas descreviam as crianças como “quase tendo o peso certo”.

Os pesquisadores também compararam os resultados da pesquisa de 2012 com outra semelhante de 1994. Não apenas as crianças do estudo recente estavam significativamente mais pesadas como também a probabilidade de os pais identificarem com exatidão o peso dos filhos havia caído 30%.

Vista grossa. Um motivo pelo qual os pais podem ter dificuldades em perceber o peso dos filhos se deve ao “novo normal”: no primeiro mundo e mesmo em países em desenvolvimento, as crianças em geral estão ficando mais pesadas.

Katz também menciona a “negação deliberada e genuína” dos pais. Assim que o pai reconhece o problema do filho, é preciso lidar com ele. Ainda segundo o médico, o pai se pergunta se deve se tornar a “polícia da comida”. “Tenho de mudar minha dieta e dar o exemplo?”, relata o médico sobre o drama dos pais. “Com muita frequência, é mais fácil fingir que o problema não existe”, completa ele, sobre o que vê no consultório.

Mais tempo

Nome. O médico David Katz cunhou uma palavra para descrever o problema: “esqueçobesidade”, quando os pais ignoraram a ameaça da obesidade e protelam para dar um jeito no problema.

Autoilusão ainda é recorrente

Nova York. Especialistas também afirmam que a negação da obesidade é um problema complicado e sutil, resultado de dinâmicas familiares. Talvez os pais estejam resignados a ter sobrepeso.

Talvez existam irmãos magros, e os pais não consigam escolher uma dieta que atenda todos.“A negação pode ser um mecanismo de defesa”, explica Arnaldo Perez, doutorando da Universidade de Alberta, Canadá, que pesquisa o que motiva as famílias a buscar ajuda para os filhos com sobrepeso.

“É natural para um pai querer pensar de forma otimista sobre os filhos”, completa o médico Thomas Robinson. “Escuto pais me contarem que demoraram a tomar uma atitude porque achavam que os filhos cresceriam e perderiam o peso extra”, acrescenta.

Fatores sociais e econômicos influenciam

Nova York. Entre outros fatores que causam confusão estão a condição de imigrante e a posição socioeconômica. E estudos mostram que, com a chegada da adolescência, um número maior de pais presta atenção aos problemas de peso dos filhos porque a exclusão social e a escorregadia autoestima pressionam.

Para a médica pediatra Francine Kaufman, no entanto, adotar hábitos alimentares mais saudáveis é uma questão até de classe. “Comida saudável custa mais”, lembra ela, que é autora de um livro sobre obesidade.

Há ainda quem atribua o aumento da não percepção da obesidade à comunicação imperfeita entre pais e pediatras. Estudo de 2011 constatou que os pais preferiam que os médicos usassem termos como “problema de peso” a “gordo” e “obeso”. Os médicos, por sua vez, se sentiam incomodados a usar uma linguagem contundente, por temer afastar pacientes e perder a chance de discutir mudanças comportamentais.

Fonte: O Tempo - Saúde e Ciência

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